«Mais vale prevenir do que remediar» - Hélder Pita Grós
26-10-2015 | Fonte: Económico

Nestas declarações, citadas pelo Jornal de Angola, Pita Grós explica que os detidos, entre os quais se encontra o luso-angolano Luaty Beirão, “queriam alterar o quadro actual, quer o Presidente da República, a Assembleia Nacional e, portanto, houve de facto a necessidade de intervenção para não permitir que houvesse uma insurreição na sociedade, uma situação que qualquer um de nós não saberia o que fazer, porquanto os estudantes não poderiam sair para irem às aulas, os trabalhadores para os seus serviços e todo o mundo seria afectado.
Segundo escreve o Jornal de Angola – em cujo editorial são lançadas acusações a Portugal pela visita do embaixador português em Luanda a Luaty Beirão, depois de na semana passada o director da publicação já ter acusado também o partido UNITA de estar por detrás deste caso –, o vice-procurador-geral indicou que o objectivo dos detidos na operação de 20 de Junho (dois dos 15 activistas foram detidos apenas dois dias depois) era a alteração do poder político e de órgãos de soberania eleitos pelos cidadãos angolanos.
A intenção não foi a de coarctar a liberdade de expressão, explica o diário estatal, que indica ter havido, segundo declarou Hélder Pita Grós à TPA, instruções entre os membros do grupo para mobilização de estudantes e trabalhadores para saírem à rua. “Não sabemos o que poderia acontecer de concreto, mas uma coisa é certa: a ordem e tranquilidade pública iriam ser seriamente afectadas”, afirmou o magistrado angolano.
No decurso da operação policial e da detenção dos 15 cidadãos, a defesa de Luaty Beirão – rapper luso-angolano em greve de fome há quase 40 dias – alega excesso de prisão preventiva. À agência lusa, Luís Nascimento, advogado de Beirão, afirmou existirem dois recursos a aguardar resposta dos tribunais angolanos.
No Tribunal Supremo está, há 24 dias, um pedido de ‘habeas corpus’ para libertação dos 15 suspeitos de preparação da rebelião contra o regime de Eduardo dos Santos. Contudo, explica Luís Nascimento, que defende 13 arguidos, no sistema judicial angolano não há limite de tempo para decisão sobre este pedido de libertação.
Sobre o 'rapper' luso-angolano, Luís Nascimento afirmou tê-lo encontrado “lúcido” e “preocupado” com a ausência de resposta dos tribunais. “Ele espera que nada lhe aconteça, mas está um pouco preocupado com a falta de respostas dos juízes. Até a questões de mera aritmética. Saber se há excesso de prisão preventiva é uma questão de aritmética, isso preocupa. Será que se quer resolver o assunto ou que ele se vá, que a culpa morra solteira e que ele seja culpado da própria morte”, questionou o advogado.
Para lá de Luaty Beirão, internado numa clínica privada em Luanda, estão em prisão preventiva 14 cidadãos, concentrados há uma semana num hospital-prisão do bairro de São Paulo.
Em causa está uma operação policial desencadeada a 20 de Junho de 2015, quando 13 activistas angolanos foram detidos em Luanda, em flagrante delito, durante a sexta reunião semanal de um curso de formação de activistas, para promover posteriormente a destituição do actual regime, diz a acusação.
Outros dois jovens foram detidos dias depois e permanecem também em prisão preventiva.
Foram todos acusados - entre outros crimes menores - da co-autoria material de um crime de actos preparatórios para uma rebelião e para um atentado contra o presidente de Angola, no âmbito desse curso de formação, que decorria desde Maio.
Segundo a acusação, reuniam-se aos sábados para discutir as estratégias e ensinamentos da obra "Ferramentas para destruir o ditador e evitar uma nova ditadura, filosofia da libertação para Angola", do professor universitário Domingos da Cruz - um dos arguidos detidos -, adaptado do livro "From Dictatorship to Democracy", do norte-americano Gene Sharp.
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