Madeira em Cabinda
12-06-2005 | Fonte: Jornal de Angola (Alberto Coelho)

As potencialidades florestais da província de Cabinda abrangem uma área de aproximadamente 250 mil hectares, das quais 175 mil correspondem à densa floresta do Maiombe. A sua densidade média varia entre os 40 e 50 mil metros cúbicos, com uma reserva de, pelo menos, 20 milhões de madeira em pé. Quem viaja no sentido Sul-Norte da província de Cabinda vislumbra, logo à primeira vista, que a maior parte da região é ocupada por florestas de clima equatorial pluvioso e húmido (floresta densa húmida), com diversas manchas que partem desde as regiões do Tando-Zinze, Cacongo e Necuto até à zona Norte do município de Belize.
Significa dizer que Cabinda é uma zona de Angola com grandes potencialidades florestais por excelência. Nas regiões do Norte e Leste encontram-se densas florestas tropicais, onde se destaca a floresta do Maiombe que, refira-se, é das mais vastas do mundo e uma das mais ricas do continente africano.
Maiombe, que comporta vários andares dominados por árvores dispersas e de elevada estatura, resguarda um espantoso número de espécies de excelentes madeiras, entre as quais se destacam o Numbi, Takula, Banzala, Wamba, Vuku, Limba, Kungulo, Pau-Rosa, Tolas Branca e Chinfuta, Lifuma, Kali, Kâmbala, Ndola, Livuite e Pau-Preto, além de guardar ciosamente milhares de espécies de animais.
Actualmente, a sua taxa de crescimento anual, segundo dados a que o jornal de Angola teve acesso, é de 0,4 metros cúbicos de hectares por ano, o que pressupõe a um crescimento total da floresta de 114 mil metros cúbicos de área exportável.
Em entrevista ao Jornal de Angola, o director provincial do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), Simão Zau, deixou transparecer que presentemente se desconhece a verdadeira potencialidade da floresta do Maiombe, bem como o seu crescimento anual, por falta de um inventário propriamente dito.
"Não temos nenhum inventário actualizado. A maior parte dos trabalhos existentes sobre a floresta do Maiombe datam do tempo colonial." Com efeito, dados disponíveis indicam que o último inventário feito a nível da floresta do Maiombe, sob responsabilidade das autoridades portuguesas, data desde o ano de 1964.
Para se determinar o contingente das espécies do Maiombe é necessário, em primeiro lugar, conhecer-se o inventário florestal, o que não é feito neste momento, por falta de recursos financeiros e outros meios apropriados para executar esta actividade.
Nas décadas de 60 e 70, a floresta registou uma sobre exploração, cujo grosso da produção se concentrou no município de Cabinda. Apesar deste elevado índice de remoção da sua cobertura, do ponto de vista de exploração, Maiombe é ainda considerada uma floresta virgem.
Dados estatísticos da exploração de madeira, na era colonial, indicam que a cifra atingiu mais de 484,55 metros cúbicos. No período pós- independência (1978 a 2004), foram exploradas em média cerca de 505,5 metros cúbicos, tendo a maior exploração sido feita pelos cubanos, com uma cifra avaliada em cerca de 120 mil metros cúbicos por ano.
Actualmente, a exploração da madeira em Cabinda não chega a 20 mil metros cúbicos por ano, um valor bastante insignificante, atendendo as potencialidades florestais que a província detém, o que significa que a floresta de Cabinda não foi devastada e está em condições de dar ao mercado local e não só a quantidade de madeira necessária.
Neste momento, a actividade de exploração florestal na província concentra-se na zona do Maiombe, concretamente nos municípios de Buco-Zau e Belize, onde a parte produtiva é de aproximadamente 3.150 Km2, ou seja 44,3 por cento da superfície total da província.
No município de Cabinda, esta actividade está interdita, devido à exploração indiscriminada que sofreu durante o período colonial. A medida visa permitir uma regeneração natural, de modo a repor os maciços já explorados, sobretudo, nas zonas onde o desaparecimento do coberto florestal determina situações críticas.
As estatísticas indicam que, em 1973, a floresta de Cabinda forneceu ao mercado nacional e internacional cerca de 285 mil metros cúbicos de madeira em toro, o que constituiu, na altura, mais de 50 por cento da produção de madeira a nível de todo o país.
Apesar dos poucos meios, a actividade de exploração florestal dos madeireiros tem sido rigorosamente acompanhada pelo IDF, de forma a evitar-se o abate de espécies não classificadas, bem como evitar que espécies de diâmetro elevado e consideradas como árvores-mães sejam abatidas, isto para garantir a reprodução de novas sementes.
O trabalho de fiscalização tem conhecido pouca eficiência, por falta de disponibilidade financeira, meios materiais e humanos capazes de acompanhar a par e passo a actividade desenvolvida não só pelas empresas exploradoras, como também pelos garimpeiros, em toda a extensão da província.
Cabinda, pelo que tudo indica, não quer perder a hegemonia. Os responsáveis do IDF tudo fazem para repor o verde natural naquelas áreas onde o desaparecimento do coberto florestal é considerado preocupante.
Com efeito, as prioridades do IDF estão viradas às acções de repovoamento florestal, criação de um viveiro permanente, na localidade de São Vicente, assim como a criação de infra-estruturas técnicas e humanas para o desenvolvimento de programas de investigação e experimentação florestais aplicadas, cujos projectos estão avaliados em 979 mil dólares.
Embora o sector seja considerado o segundo maior na economia da província, os seus níveis de produção decrescem consideravelmente, devido a factores ligados ao desajustamento das taxas de exploração, ao facto da exportação de 90 por cento da madeira ser feita em toros, a falta de condições portuárias para a exportação da madeira, a baixa produção e a fraca capacidade dos madeireiros enfrentarem um mercado complexo e cheio de intermediações.
Apesar disto, durante o ano passado, foram exportados para França, Marrocos, Portugal e Estados Unidos da América 9.553,639 metros cúbicos de madeira em toro, enquanto para o mercado nacional foram vendidos 5.400,349 m3.
No exercício económico do ano de 2004, o IDF em Cabinda arrecadou cerca de oito milhões 871 mil e 663 kwanzas, através da emissão de licenças de exploração florestal e multas por transgressão ao regulamento florestal.
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