
O Bairro Social da Juventude na cidade de Caxito, que devia ser de referência, é visto como um "atentado" ao bem-estar das famílias, que sonham com outro local para viver. Governo reconhece falhas e promete melhorias.
"Nós estamos aqui a aguentar porque já não temos para onde ir", desabafa a moradora Maria António, que acreditou em tempos que um dia viveria numa zona urbanizada.
Falta de esgoto e asfaltagem das vias são dois problemas que estão a tirar o sossego às famílias que vivem no Bairro Social da Juventude na cidade de Caxito, na província angolana do Bengo. E quando chove, há quem não consiga dormir nem sair de casa por causa das águas que invadem o bairro.
Maria António mostra-se arrependida por ter escolhido viver aqui. "As ruas todas ficam inundadas, cria um constrangimento muito sério, não há passagem de viaturas e peões, é muito complicado. A água penetra até nas casas", relata. Noventa e três residências foram entregues há mais de 12 anos aos moradores, durante a primeira fase do projeto.
Segundo o presidente da comissão de moradores, João Mulanvo, as casas recebidas careciam de acabamentos. O porta-voz dos que vivem no bairro social diz que os moradores têm feito a sua parte. "Para termos aqui a luz foi um sacrifício dos moradores. Também para termos água, nós, os moradores, mobilizamo-nos, cada casa fez uma contribuição de sete mil kwanzas (cerca de 13 euros).
Fomos até ao mercado, compramos o material e chamamos a empresa para fazer a ligação", recorda. João Mulanvo e outros pagam, mensalmente, 25 mil kwanzas (cerca de 46 euros), uma despesa que irá durar vinte anos até obterem a titularidade da residência. O morador lamenta a falta de resposta por parte das autoridades. "O bairro social carece de um trabalho de engenharia", afirma o morador, apelando à administração que envie técnicos para analisar a situação no terreno.
"Caso contrário, vamos continuar a viver os mesmos problemas, enquanto o governo não puser a mão", sublinha. Esta realidade, segundo o presidente da comissão de moradores, está a obrigar alguns moradores a procurar outras zonas para habitar. No entanto, o administrador municipal do Dande, Fonseca Canga, diz estar apenas a aguardar pelo fim da época chuvosa para resolver no problema.
"O que administração está a fazer é um compasso de espera, até porque estamos no final da época chuvosa. Daqui a mais umas semanas as chuvas param e a nossa primeira intervenção será no bairro social da juventude", promete.
O analista e jornalista Manuel Godinho manifesta ceticismo quanto à resolução do problema do Bairro da Juventude. "As pessoas vão lamentando, vão chorando, o tempo vai passando e depois a chuva termina, as pessoas esquecem-ser um pouco daquele sofrimento todo e as autoridades vão fingindo que nada aconteceu. E depois vêm novamente as chuvas e teremos os novos lamentos", conclui.
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